domingo, 19 de junho de 2011

A cidade não tem me falado muitas coisas; nem eu a ela. Ou será que não estou sabendo ouvir?

domingo, 22 de maio de 2011

Porque o que busco ainda não tem resposta

Reencontro uma amiga querida que acaba de chegar de Londres cheia de expectativas por reconstruir seu coração (e sua vida); outro amigo fala via skype da alegria de conseguir um trabalho de verdade na Austrália; outra, ainda, acaba de voltar para os EUA onde vive cheia de esperança de voltar e outro, que não falo há tempos, soube, vai voltar de Barcelona.
E assim acontecem as idas e vindas entre países, entre cidades. Aprendemos muito, conhecemos pessoas incríveis que, muitas vezes, mudam nossa vida. Vemos culturas diferentes, aprendemos o respeito pelo que é diferente de nós, olhamos por outras lentes.
Ganhamos dinheiro, experiência profissional, mas em algum momento, surgem as perguntas: o que é realmente importante? O que estou fazendo é o que gostaria de estar fazendo neste momento? Quanto de alegria e leveza isso me proporciona?
Como dizia Marco Pólo no livro “As cidades invisíveis” de Ítalo Calvino: “de uma cidade não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas as respostas que dá às nossas perguntas”. E, uma vez que nossas perguntas mudam ou ficam sem resposta, pode ser hora de partir; ir em busca de outros diálogos.
E, então, vem a pergunta mais importante: estou em busca de que? Mesmo que essa pergunta nunca seja respondida porque são demais de muitas as coisas que nos movem, sabemos que todas estão dentro do sonho de sermos melhores que ontem.
“As cidades, como os sonhos”, afirmou Marco Pólo, “ são construídas por desejos e medos, ainda que o fio condutor de seu discurso seja secreto, que as suas regras sejam absurdas, as suas perspectivas enganosas e que todas as coisas escondam uma outra coisa”.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Lugares

Quando se viaja muito, e quando você ama simplesmente passear e se perder, pode acabar nos lugares mais estranhos. Tenho uma atração enorme por lugares. É quase como um vício. Outras pessoas são viciadas em drogas ou futebol (bem, eu tb…), ou dinheiro ou carros ou sucesso ou qualquer outra coisa. Eu gosto de lugares. Fico tão ligado a eles que sinto saudades de uma dúzia de lugares ao mesmo tempo como se fossem minha casa. O que será que os lugares têm? Em primeiro lugar fico muito curioso com eles. É só olhar para um mapa que fico animado com nomes de montanhas, vilarejos, rios, lagos ou formações de terra, desde que eu não conheça e nunca tenha visitado o lugar. Leio os nomes e imediatamente quero ver esses lugares. É a mesma coisa com cidades! Os nomes de bairros, praças, ruas ou prédios evocam um desejo ardente de vê-los. Claro que nem sempre gosto do que descubro. Mas muitas vezes gosto. Será que é sorte? Aprendi através de uma longa experiência de procurar por lugares que se tem a tendência de encontrar exatamente aquilo que você QUER encontrar. Outras pessoas encontram coisas fascinantes também, claro, mas me parece que elas tem resultado diferentes dos meus. Elas têm uma mentalidade diferente, pra começar, e estão procurando por outros encontros. Pessoalmente, pareço ter aprimorado minha noção de lugar para coisas que estão “fora de lugar”. Todo mundo vira a esquerda, porque “ali é interessante”, eu viro a direita onde não tem nada! E com certeza estou de frente com meu tipo de lugar. Não sei, devo ter algum radar dentro de mim que geralmente me guia a lugares que são estranhamente quietos ou quietamente estranhos. Fico ali sem acreditar bem no que vejo… Essa é minha sensação predileta. Talvez você comece a entender de onde vem meu apetite insaciável por lugares que não conheço. Vem do fato de que lá fora no mundo existem os lugares e pontos e espaços mais impressionantes que você nunca poderia imaginar nos seus sonhos, em cores e formas desconhecidas, com os detalhes mais loucos, em constelações impossíveis. Por isso é que não dou a mínima para nenhuma dessas imagens computadorizadas pois em todas elas, hoje em dia o mundo é representado artificialmente, juntado, manipulado, inventado ou composto para criar uma nova realidade. O que tem de tão bom nisso? A realidade que encontro lá fora, de vez em quando, esses lugares estranhos, e quietos são muito atraentes, na minha opinião e muito mais emocionais pela simples razão de que existem. Na maioria do tempo humildemente, às vezes com orgulho, geralmente esquecidos e poucas vezes famosos. Não existe algo mais lindo debaixo do céu de Deus do que a incrível, alucinatória infinita variedade de lugares que realmente existem.



Lugares Estranhos e Quietos
Wim Wenders

domingo, 24 de abril de 2011

Limoeiro

“Limoeiro tão bonito e a flor do limão é doce, mas a fruta do pobre limão é impossível de comer”.

É com esta letra, embalada por uma bela melodia, que tem início o filme israelense “Limoeiro” (Lemon Tree) do cineasta Eran Riklis. Seu enredo ultrapassa a tensão existente entre dois países – Israel e Cisjordânia – e penetra na profundidade das relações humanas, sejam elas entre nações, entre vizinhos, entre homem e mulher.

O filme conta a história de uma mulher palestina (Salma) que teve sua vida atormentada com a chegada de um novo vizinho – o ministro da Defesa de Israel – que, em nome de sua própria segurança contra possíveis ataques terroristas exige a derrubada da plantação de limões que herdou de seu falecido pai e que amorosamente cuidou para sua própria sobrevivência - “uma árvore é como uma pessoa, precisa de atenção, cuidado, carinho e que falemos com ela”.

É possível perceber que os limoeiros, durante algum tempo, exerceram um papel de fronteira, numa alusão metafórica ao espaço que separa os dois países. É importante ressaltar que fronteira não é sinônimo de limite, mas antes se apresenta como seu contrário; na fronteira é possível estabelecer um filtro, enquanto que o limite se apresenta como um elemento contra-comunicativo. Através das frestas entre uma árvore e outra se estabelece um diálogo silencioso sobre poder, cumplicidade, resistência.

Mas não é de território que trata este filme. Riklis fala, antes, sobre a fragilidade dos laços humanos, fala sobre as relações doces e bonitas como a flor do limoeiro que muitas vezes se tornam tão azedas quanto o limão. A imagem que fica é a de um muro, este sim que restringe, que afasta, que limita, diante do qual não há mais o que dizer.


domingo, 10 de abril de 2011

Banksy - intervenção urbana e o jogo da percepção

A discussão acerca do graffiti é extensa e vai longe: é arte? é vandalismo? Prefiro, aqui, entendê-la como intervenção urbana – uma metalinguagem não-verbal que representa a cidade dentro dela mesma.

Neste cenário Banksy é um dos seus maiores representantes. Através de seus desenhos subverte não apenas os espaços e usos da cidade, mas também seus principais símbolos como ao mostrar uma “Estátua da Liberdade” infantil com o dedo no nariz ou a guarda oficial inglesa, símbolo da rigidez e postura, urinando no muro.






O artista cria um diálogo com o espaço que está para além de uma ordenação dos signos que demarcam de antemão as formas de apropriação e programam nossa percepção submetendo o corpo a uma rotina cotidiana de movimento pelo espaço que, transformada em uso habitual, muitas vezes, provoca um afastamento perceptivo.
Banksy parece interessar-se pelo modo como o corpo insere-se na cidade e a constrói, pela maneira como vive o espaço da forma como ele é – com suas paredes manchadas, riscadas, com a tintura descascando ou com suas alternativas à sobrevivência, bem como pelas marcas que ficam no corpo e na cidade decorrentes da interação de ambos na passagem do tempo.



Essa outra forma de viver o/no espaço da cidade escapa das formas rígidas e se produz na tessitura dos afetos, do embate ou encontro com o outro, com a sociabilidade enfim. De fato, a percepção da cidade, a partir da montagem de seus vários elementos, se mostra como um jogo em que as regras são feitas ao jogar, como sugerem os versos da poeta Orides Fontela “Quebrar o brinquedo ainda / é mais brincar”, revelando que destruição e construção são partes do mesmo processo de jogar com a multiplicidade dos possíveis.

domingo, 20 de março de 2011

Os mortos e o espaço urbano


No Museu da Casa Brasileira

A cidade do lixo

“...como o filósofo diz: ‘Em Raissa, cidade triste, também corre um fio invisível que, por um instante, liga um ser vivo a outro e se desfaz, depois volta a se estender entre pontos em movimento desenhando rapidamente novas figuras de modo que a cada segundo a cidade infeliz contém uma cidade feliz que nem mesmo sabe que existe’”. (Ítalo Calvino)


Dentro de uma cidade há sempre outras cidades, algumas existem apenas na memória, como narrou Ítalo Calvino, outras são imaginadas. Mas também existem aquelas invisíveis - ou porque não temos delas conhecimento, ou porque fazemos questão de escondê-las. Este é o caso de Jardim Gramacho, o maior lixão do mundo e tema de dois belos documentários.

Jardim Gramacho é o retrato de uma cidade invisível, excluída. É para lá que vão todos os restos de coisas, de pessoas. Tudo o que não se usa, tudo o que não serve, tudo o que não se quer por perto. Foi mais ou menos assim que o definiu Vick Muniz, idealizador do documentário Lixo Extraordinário. Mostrando com sensibilidade e delicadeza uma realidade miserável, Vick Muniz entrou com cuidado na vida dos catadores de lixo buscando fazê-los descobrir novas possibilidades. Embora vivendo na pobreza, os personagens deste documentário têm em comum alguma alegria vinda, talvez, de alguma esperança de transformação.



Entretanto, esperança não é a palavra de ordem para todos os que vivem ali. Em Estamira para todos e para ninguém, Marcos Prado mostra uma mulher (a própria Estamira) já maltratada pela vida no lixão que diz logo no início: “Coitado do Brasil!”. Entre uma espécie de loucura e uma lucidez cortante, Estamira percebe as diferentes cidades que coexistem uma na outra: “O espaço inteiro é abstrato. O que se vê lá em cima é só reflexo do que está aqui embaixo.”



O fio que os liga está na relação que as pessoas criam com o espaço – mesmo em meio à dureza e à dor, transformam-no em lugar de trabalho, de sustento, de amizade, de convívio, de música, de alguma dignidade.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Inscrições sobre a cidade

Um dos melhores retratos do que podemos chamar de palimpsestos urbanos é o trabalho do artista plástico Alexandre Orion. Boa parte do seu trabalho está em utilizar a cidade como suporte para suas manifestações que por vezes soam como um protesto silencioso.

Este é o caso de “Ossário”, um grafite às avessas no qual a limpeza da fuligem deixada pelos carros é que revela a imagem da morte que jaz lado a lado com nossa consciência urbana. O texto da omissão, que escreve a cada dia mais um capítulo da apropriação predatória do espaço urbano, dialoga com uma intervenção efêmera que levanta questionamentos e tenciona a informação existente que, de tão banal já não salta mais aos olhos.




O signo daquilo que qualifica a cidade como cinza adquire novos significados. A informação icônica que apenas sugere uma nova leitura permite que a narrativa da cidade poluída e cinzenta passe à fabulação, um processo que acontece sempre no trânsito entre a informação como dado e a percepção como relação, o que implica uma ampliação dessas imagens e seus significados num processo associativo que amplie também o espectro das possibilidades cognitivas de onde emerge a produção do lugar.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Estava assim há dias, tentando desvendar um certo mistério das coisas. Na verdade, começava a perceber que nada havia de misterioso. O que havia era apenas o despertar da sensibilidade para as coisas que aconteciam a despeito de sua vontade e que podiam ou não ser vistas a olho nu.
Agora parecia uma criança a se perguntar por quê? Como? Quando? Quem? E todas essas perguntas que pretendem revelar tudo o que parece sem explicação. Achava que a sensibilidade era apenas um exercício que valia à pena quando se busca viver sem se contentar com o que já é dado, pronto e acabado.
Era assim como uma espécie de tentativa de encantamento pela vida.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

É sempre noite no metrô (Bruno Zeni)



É sempre noite no metrô, mesmo quando se
desce pelas escadas rolantes com uma música na
cabeça, que é como continuar a rolar no embalo do
som, caminhando, ritmado, carregando o dia lá de fora.
É sempre o mesmo breu e um mesmo efeito de
imagens refletidas nos vidros, umas luzes que
correm ao longo do túnel.
A música, boa música na cabeça e as pessoas que vão
ficando menores na plataforma quando o trem acelera.
Demora um pouco para se perceber que o escuro dura.
Uns olhos que se fecham lentamente: ela pousa as
pálpebras no lugar e volta a abrir os olhos e faz assim
algumas vezes com um sorriso nos lábios pintados
de vermelho.
A chegada do trem à estação. Bom quando o trem
chega àquelas estações abertas, acima do chão.
Um pouco de ar, um pouco de luz. Dá pra ver a cidade
(e a cidade se toca da existência do metrô).
O jogo de reflexos nos vidros da estação faz com que
um poste de luz se encaixe no corpo de um homem.
De pé, dentro do outro vagão. Seu corpo é poste e
fiação, resistência e ligações clandestinas.
Os grandes cílios parecem que ondulam. O lápis no
olho, a sandália no pé, as pernas cruzadas, a música:
cruza e descruza as pernas e o sorriso está lá.
Tem uma bolsa no colo.
A cabeça se equilibra acima do poste: o homem no
metrô, o poste lá embaixo na rua, unidos no vidro.
O trem acelera dentro do túnel de novo.
Um grupo de garotas conversa sobre os meninos do
cursinho. Os olhos de um velho de pernas cruzadas
escorrem de visgo. O nervo, o vinco e o visgo. Desculpe
incomodá-los, mas venho humildemente pedir uma
ajuda, uma contribuição, que a situação não está fácil,
são as crianças na escola e os velhos doentes...
As pessoas dormindo. Duas senhoras de pernas e pés
inchados. Os office-boys e suas pastinhas. Os caras
de terno. A música na cabeça. A escuridão do túnel.
A música, que é um lance que faz pirar mesmo. Ficar
no embalo da música. Que pára quando o metrô chega
na estação.
O barulho dos freios. As portas se abrem. Aquela gente
toda saindo dos vagões.
Todos os sons (os que existem e os que não). A música
volta é como se ela tivesse só abaixado um pouco
aqui dentro. As escadas rolantes – subindo, subindo,
em velocidade constante – e de novo o dia, do lado
de fora, que já dá para vê-lo surgir. A luz. Caminhando,
ritmado. O som no máximo. (Zeni, 23/24)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

flanerie às avessas



São Paulo é assim: uma cidade fragmentária, com suas diversas imagens que reúnem a diversidade e o que dela decore – os contrastes. Essa diversidade está inscrita na mistura de sotaques, no exotismo dos sabores em seus mais variados restaurantes, na grandiosidade e beleza de seus templos religiosos, na popularidade do comércio da Rua 25 de Março em contraposição à elegância da Rua Oscar Freire, na imponência de seus edifícios com vista para as favelas, no cinza dos prédios que tentam engolir seus belos parques arborizados.

É neste cenário também que se pode observar diferenças que, de tão banais, já não salta aos olhos dos que circulam por ali desatentos: mendigos em meio a ternos e tailleurs em pleno coração financeiro e empresarial da cidade.

São esses personagens estranhos ao ambiente que ditam outro tempo e forma de apropriação do espaço que fazem lembrar o “homem na multidão” de Edgar Allan Poe. Diferente do flaneur de Walter Benjamin, que era um fisionomista da cidade, procurando conhecê-la pelos sentidos através da montagem de seus índices existenciais, o homem da multidão torna-se anônimo e sem identidade em meio às perturbações causadas pela cidade e pelo número elevado de pessoas convivendo no mesmo espaço.

Não se trata, neste caso, de caminhar sem objetivo ou intencionalidade permitindo a construção de textos a partir de elementos não-verbais, trata-se, sim, de uma flanerie às avessas que os obriga a não ter propriamente um espaço, mas construir um lugar sempre móvel e passageiro. É preciso levar consigo apenas o essencial, já que para quem carrega a vida nas costas, a casa se constrói dentro.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Chuva


Lá fora a chuva cai de surpresa. Dia bonito, cinza e molhado que se pode ver da janela.

Alguns corpos correm pra debaixo das marquises. Alguns outros, poucos, deixam que a chuva molhe o rosto e, mais que isso, inunde pensamentos.

Os mais prevenidos saem todos os dias com guarda-chuva de casa e vão abrindo, um a um, como bolhas de água fervendo – só que coloridas.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O grito necessário



"Porque há o direito ao grito.
então eu grito." (Clarice Lispector)

aaahhhhhaaaaaaaaaaaaaa!!!!!

domingo, 16 de janeiro de 2011

Recomeçando

“Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.”
(Cora Coralina)


O início do ano traz sempre uma ideia de um possível recomeço; é simbolicamente o momento da virada- virada da mesa, virada do jogo - e tantas outras viradas que representam o momento da esperada “volta por cima”. Para a maioria, a passagem do ano marca o final de um ciclo e início de outro carregando consigo o espaço aberto das possibilidades.

Mas qual é o real significado da palavra recomeçar? O prefixo “re”, de origem latina, pode ter três sentidos: o de reforço, o de retrocesso e o de repetição. Sendo assim, poderíamos falar em começar com mais intensidade, com maior força; poderíamos falar em voltar ao ponto de partida para seguir em frente novamente, ou ainda tornar a começar reconsiderando aquilo que não foi possível concluir. Seria, portanto, apenas uma questão de escolha.

Entretanto a vida, esta que se dá no embate com o outro, com o dentro, não se refaz assim a partir de um “belo truque de calendário”, como diria Mário Quintana. Não é possível dormir em um ano que se quer esquecer e, com um corte seco e preciso, acordar em outro em que tudo é diferente e, é claro, muito mais feliz.

A vida é um contínuo e as marcas que deixa são necessárias ao aprendizado. Criar a expectativa de que a passagem do ano traz mudanças radicais só traz ansiedade desnecessária. Mais interessante é considerá-la como momento de reflexão para mudanças que se dão no tempo.

Neste ponto de vista, para retratar esta retomada nos textos postados aqui e traçar novos caminhos, prefiro usar a palavra no gerúndio, como no título deste post. Desta forma, sigamos recomeçando, recriando a vida no devir. Sempre é tempo!