“Limoeiro tão bonito e a flor do limão é doce, mas a fruta do pobre limão é impossível de comer”.
É com esta letra, embalada por uma bela melodia, que tem início o filme israelense “Limoeiro” (Lemon Tree) do cineasta Eran Riklis. Seu enredo ultrapassa a tensão existente entre dois países – Israel e Cisjordânia – e penetra na profundidade das relações humanas, sejam elas entre nações, entre vizinhos, entre homem e mulher.
O filme conta a história de uma mulher palestina (Salma) que teve sua vida atormentada com a chegada de um novo vizinho – o ministro da Defesa de Israel – que, em nome de sua própria segurança contra possíveis ataques terroristas exige a derrubada da plantação de limões que herdou de seu falecido pai e que amorosamente cuidou para sua própria sobrevivência - “uma árvore é como uma pessoa, precisa de atenção, cuidado, carinho e que falemos com ela”.
É possível perceber que os limoeiros, durante algum tempo, exerceram um papel de fronteira, numa alusão metafórica ao espaço que separa os dois países. É importante ressaltar que fronteira não é sinônimo de limite, mas antes se apresenta como seu contrário; na fronteira é possível estabelecer um filtro, enquanto que o limite se apresenta como um elemento contra-comunicativo. Através das frestas entre uma árvore e outra se estabelece um diálogo silencioso sobre poder, cumplicidade, resistência.
Mas não é de território que trata este filme. Riklis fala, antes, sobre a fragilidade dos laços humanos, fala sobre as relações doces e bonitas como a flor do limoeiro que muitas vezes se tornam tão azedas quanto o limão. A imagem que fica é a de um muro, este sim que restringe, que afasta, que limita, diante do qual não há mais o que dizer.