terça-feira, 1 de junho de 2010

Da impermanência

Hoje pela manhã, refletindo sobre um sentimento que tem me angustiado fiquei pensando em como classificá-lo e de onde vinha.

É interessante perceber como carregamos sentimentos e ações dos nossos familiares, próximos ou distantes. Sempre observei e até mesmo critiquei minha avó por sua necessidade constante de se mudar de casa. Desde que me entendo por gente, minha avó já se mudou milhares de vezes e, não só de casa... Quando a coisa aperta, ela se muda até de cidade.

Minha mãe, por sua vez, também gosta de mudar de cidade: quando está em Fortaleza quer estar em São Paulo; quando está em São Paulo quer voltar correndo pra Fortaleza. Além disso, ela muda muito de planos: às vezes quer uma casa no campo e uma aposentadoria que lhe permita cuidar de galinhas e plantas; às vezes quer dar um salto na carreira, estudar e fazer mestrado.

Meu tio, irmão da minha mãe e, quase que obviamente, filho da minha avó, muda de esposa. Acho que esse é o tipo de mudança mais complicado. Ele acaba de terminar seu terceiro casamento e, pelo que tudo indica, está caminhando para a quarta união, que sabe-se lá quanto tempo vai durar.

Foi aí que percebi que eu também tenho mania de mudar: muitas vezes essa necessidade não passa do estágio da vontade e acho que isso é bom. Lembrei de todas as vezes que mudei de emprego e de todas as vezes que quis mudar de país, que eu quis mudar de vida.
Sempre acreditei que essa impermanência guarda uma relação íntima com algo não resolvido dentro. É como se fosse uma válvula de escape para não encarar a realidade dos fatos – não posso mudá-los então mudo eu, giro, dou uma pirueta e vejo em que ângulo vou parar.

Entendo que mudanças são necessárias e até mesmo inevitáveis em alguns casos, mas é importante que, na medida do possível, sejam planejadas, tenham um objetivo e não funcionem como fuga que, muitas vezes, é fuga de si mesmo.

As mudanças, quando bem orientadas tendem a ter resultados positivos com reflexo no aumento da auto-estima de quem muda. Caso contrário, implica em instabilidade, construções pouco duradouras e resultados voláteis o que, quase nunca, representa um benefício, já que se planta, mas não se colhe (pois não dá tempo).

Bem, perceber a tempo já é um começo... Até que eu mude de ideia!