Esta semana comecei um curso numa instituição extremamente bem conceituada. Cheguei cedo, fiquei lendo um texto enquanto esperava pela chegada dos meus novos colegas e dos professores. E qual não foi minha surpresa quando se apresentou como professor (e não apenas professor, mas coordenador do curso!) um senhor, ainda na casa dos 40, bonachão e fanho! Não tenho absolutamente nenhum problema com as deficiências ou características físicas de ninguém, a situação me chamou atenção apenas por ser inusitada dentro dos padrões que aprendemos para determinados estereótipos e até mesmo para determinados papeis.
A princípio aquela voz fina chamava atenção, mas o que poderia ser considerado um “defeito” aos poucos foi sendo escondido pela apresentação brilhante que então se iniciou. Foi então que comecei a pensar sobre os limites que nos impomos.
Para quebrar o gelo, obviamente (ou não tão obviamente assim), o professor fez uma brincadeira a respeito da sua, vamos dizer, limitação. Disse a todos que poderíamos até não aprender sobre o tema do curso, mas com certeza aprenderíamos a entender qualquer fanho. A partir dali, ninguém mais prestou atenção em como as coisas eram ditas, mas realmente, no que estava sendo dito.
Fiquei pensando que por muitas vezes coloquei diversos obstáculos à minha frente, especialmente, na vida acadêmica que era, de fato, meu sonho profissional. Me senti até um pouco envergonhada diante daquele professor, doutor naquela instituição reconhecida internacionalmente e que se impôs e trilhou ali também seu caminho profissional pelo seu conhecimento, pelo seu trabalho, por sua seriedade e comprometimento. Mas além de tudo, por sua persistência, simplesmente por não desistir.
E aí, me perguntei: quem impõe os limites? E porque nos rendemos a eles? Entendi que quando paramos diante de um limite é porque acreditamos mais nele do que em nós. E que, muitas vezes, embora o limite pareça vir de fora, nós já acreditávamos nele antes mesmo que ele se apresentasse. E quando ele aparece, fica fácil de se instalar, paralisar nossas ações, fazer com que mudemos de direção e o pior, fazer com que abandonemos nossos sonhos.