Hoje decidi que é possível retomar o blog. Por um tempo
fiquei muito presa ao seu nome e entendia que somente faria sentido escrever se
o assunto fosse a cidade. Agora percebo que não. Se palimpsestos são
intertextualidades, textos que se sobrepõem a textos, histórias que escondem e,
por vezes, revelam outras histórias, então, o blog é sobre a vida, seus
encontros, desencontros, afetos, descontroles, alegrias, que também se
sobrepõem e se inscrevem em nós.
Entendi também que aqui será minha cabeça transformada em
texto, minhas conversas interiores, meus questionamentos, minhas inquietações,
que podem ou não ser comuns a tantas outras pessoas. Não será um blog para
receber milhares de compartilhamentos nas redes sociais, será apenas um espaço
questionador.
Com tantos blogs de moda, maquiagem, estilo, decoração,
publicidade, que adoro, aqui prefiro ir um pouco na contramão e me perguntar
aonde isso tudo nos leva. Não sou anarquista, socialista, revolucionária, nem
pretendo mudar o mundo - nada disso! (essas coisas ainda existem?) Uso moda,
gosto de maquiagem, sou publicitária (!!!), mas me sinto cansada de sentir
falta de coisas que não significam. Sinto falta de pessoas reais, com vidas
interessantes, com dramas, superações, alegrias banais. E nem estou falando das
vidas perfeitas estampadas no Facebook. Estou falando de encontros diários que
me parecem tão fakes quanto a timeline em alguns momentos.
Talvez algumas pessoas se reconheçam por aqui e pode mesmo
não ser mera coincidência. Desde já peço desculpas e digo: não é nada pessoal. Essa
é a penas a minha forma de protesto silencioso contra o que chamo de
“armadilhas” que nos roubam a alegria de sermos quem somos, a autenticidade do
nosso modo de vestir, a naturalidade do nosso modo de falar, a simplicidade dos
nossos gestos, a sinceridade do nosso olhar e a espontaneidade do nosso
sorriso.