sábado, 2 de fevereiro de 2013

Esculturas Sonoras



O nome já é encantador, o propósito então, nem se fala! Esculturas Sonoras é o nome de um lindo projeto realizado pelo artista plástico Narcélio Grud em Fortaleza. A instalação esteve à disposição do público em 2012, mas por sua singularidade e beleza vale à pena comentar.

A ideia de utilizar placas de sinalização como suporte para manifestações artísticas não é tão nova, mas tomá-las não apenas como uma forma de protesto e sim no seu propósito mesmo de sinalizar, porém, apontando para uma nova maneira de uso do espaço, é que diferencia esta proposta.

As placas de sinalização são elementos simbólicos, portanto, convenções que ordenam o espaço urbano, direcionando nossa percepção e nossa forma de agir sobre ele.  Embora necessário em muitos aspectos, tal ordenamento pode provocar um uso automatizado da cidade impedindo uma ampliação do olhar e a criação de formas inventivas de vivência.

É neste sentido que as Esculturas Sonoras funcionam como intervenções que promovem uma ressignificação destes símbolos na medida em que estimulam o uso dos instrumentos musicais ali disponíveis. Promover a interação do indivíduo com a arte impulsiona a criação de novos sentidos e novas formas de organização do espaço.

E é assim que, a meu ver, a arte cumpre seu papel permitindo que o olhar caminhe por outras veredas relativizando a intencionalidade da imagem e do próprio espaço urbano e fazendo uso da imaginação dentro da qual as possibilidades são infinitas. 

O vídeo você confere abaixo!



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Moda e cultura urbana: Os Gêmeos e Louis Vuitton


Que existe uma clara e quase óbvia ligação entre a moda e a cidade, isso muita gente já sabe. Foi no ambiente urbano que a moda surgiu impulsionada pelo desejo dos burgueses em imitar o modo de vestir dos nobres. Por sua vez, querendo uma diferenciação com relação aos burgueses, os nobres criavam algo novo fazendo com que a engrenagem não parasse mais de girar.

Além disso, a moda carrega consigo um caráter político e social que serve para indexar valores que vão do prestígio ao protesto; do New Look de Christian Dior na Paris dos anos 40 ao grunge de Seatle nos anos 90.

Essa ligação é claramente percebida em características como efemeridade, fluidez, construção de sentido. Falar de moda é também traçar uma topologia que se faz a partir de signos que modelam e ajudam a modelar territórios que muitas vezes delineiam identidades, as legitimam e por vezes criam intersecções.

E é assim que, a meu ver, se configura o trabalho dos irmãos grafiteiros conhecidos como “Os Gêmeos” que criaram a estampa "Mosaico" para a nova coleção de echarpes da marca Louis Vuitton. 




É a interferência inscrita no espaço urbano que a princípio se faz num suporte fixo, como os muros e edifícios, e que passa a compor a paisagem em sua transitoriedade, já que começa a usar como suporte o corpo em movimento. É a arte de rua que ganha status de hype.



domingo, 27 de janeiro de 2013

Questionar as armadilhas jé é um começo


Hoje decidi que é possível retomar o blog. Por um tempo fiquei muito presa ao seu nome e entendia que somente faria sentido escrever se o assunto fosse a cidade. Agora percebo que não. Se palimpsestos são intertextualidades, textos que se sobrepõem a textos, histórias que escondem e, por vezes, revelam outras histórias, então, o blog é sobre a vida, seus encontros, desencontros, afetos, descontroles, alegrias, que também se sobrepõem e se inscrevem em nós.

Entendi também que aqui será minha cabeça transformada em texto, minhas conversas interiores, meus questionamentos, minhas inquietações, que podem ou não ser comuns a tantas outras pessoas. Não será um blog para receber milhares de compartilhamentos nas redes sociais, será apenas um espaço questionador.

Com tantos blogs de moda, maquiagem, estilo, decoração, publicidade, que adoro, aqui prefiro ir um pouco na contramão e me perguntar aonde isso tudo nos leva. Não sou anarquista, socialista, revolucionária, nem pretendo mudar o mundo - nada disso! (essas coisas ainda existem?) Uso moda, gosto de maquiagem, sou publicitária (!!!), mas me sinto cansada de sentir falta de coisas que não significam. Sinto falta de pessoas reais, com vidas interessantes, com dramas, superações, alegrias banais. E nem estou falando das vidas perfeitas estampadas no Facebook. Estou falando de encontros diários que me parecem tão fakes quanto a timeline em alguns momentos.

Talvez algumas pessoas se reconheçam por aqui e pode mesmo não ser mera coincidência. Desde já peço desculpas e digo: não é nada pessoal. Essa é a penas a minha forma de protesto silencioso contra o que chamo de “armadilhas” que nos roubam a alegria de sermos quem somos, a autenticidade do nosso modo de vestir, a naturalidade do nosso modo de falar, a simplicidade dos nossos gestos, a sinceridade do nosso olhar e a espontaneidade do nosso sorriso.