Comecei esta semana pensando em como conseguir um melhor resultado no trabalho sem que isso venha a ferir aquilo que, ingenuamente, ainda chamo de princípios. Pensei que a melhor forma seria a adaptação.
Começo então tentando entender seu conceito mais geral, ou seja, adaptação é o que torna um organismo capacitado a sobreviver em um determinado hábitat. Esse conceito, que vem da biologia, está ligado também à ideia de seleção natural proposta por Darwin que afirma que organismos adaptados tendem a permanecer no ambiente; e não apenas permanecer, mas principalmente, a se sobressair.
No reino animal uma das formas de adaptação é chamada de mimetismo que consiste na imitação daqueles que estão ao redor fazendo com que aquele corpo seja confundido com outros do mesmo grupo. Levando essa ideia para o mundo corporativo, a tática mais adequada seria compartilhar das mesmas atitudes e condutas daqueles que me cercam. Pensar desta forma, entretanto, seria entender que não há exatamente uma troca entre corpo e ambiente, mas apenas uma imposição do ambiente ao corpo.
Neste sentido, a ideia de auto-organização seria mais adequada já que entende o ambiente, mesmo que corporativo, como um sistema complexo em que a interação permite a troca e a constante adequação comportamental de todos.
Obviamente, numa estrutura organizacional pensar em adaptação de todos é tão insensato quanto inocente. Mas então, como conseguir permanecer íntegra? Ou, Ainda é possível falar em princípios? Eles também estão se adaptando?
Falar em princípios tanto quanto em seleção natural, é falar de normas que se repetem ou que devem ser seguidas e que, portanto, representam padrões rígidos de comportamento. Entretanto, é preciso lembrar que nenhuma rigidez promove mudanças, descobertas e aprendizados. A busca deve ser pautada pelo encontro do equilíbrio, como afirma um autor chamado Kauffman que diz que tanto a seleção natural quanto a auto-organização são parte de um mesmo processo de co-evolução, em que a adaptação ocorre a partir de pequenas mudanças que envolvem uma busca local em um espaço de infinitas possibilidades.
Palimpsesto: do grego antigo παλίμψηστος / palímpsêstos ou seja, "riscar de novo" (πάλιν, "de novo" e ψάω, "riscar"). Sobreposições, intertextualidades.
sábado, 21 de novembro de 2009
Porque é tão difícil ser livre?
A primeira resposta que me vem à cabeça é que, embora clichê, a liberdade implica em responsabilidade. E não se trata de uma responsabilidade de assumir o que se faz, de dizer “sim, assumo, fui eu que fiz”, mas de saber aonde se quer chegar e, sobretudo, de acertar na escolha. O conceito de liberdade, a meu ver, está completamente ligado a um fator cultural que nos diz que devemos acertar sempre.
É inevitável também que o conceito de liberdade me remeta aos casamentos. Viver com alguém que tem suas próprias decisões, que tem outros hábitos, outra forma de ver o mundo, de certa forma faz com que, logo num primeiro momento, ajustemos nossas lentes permitindo mais ou menos flexibilidade no modo de fazer e de ver as coisas. Mas não é isso que nos tira a liberdade; ao contrário, esse ajuste é necessário para nosso crescimento. O que nos impede de sermos livres é aquele fator cultural de que falei, que nos diz que assumir um compromisso é assumi-lo para sempre, porque o fundamental é acertar. Como se mudar de ideia, demonstrasse fraqueza ou volatilidade.
Assumir, socialmente, que um relacionamento chegou ao fim é admitir o próprio fracasso. É como se a escolha não tivesse sido bem sucedida, deixando-se de levar em conta todo o tempo bom que se passou junto. Dar certo, neste caso, não significa estar eternamente junto. Dar certo significa acabar quando chegou a hora, acabar com dignidade, mesmo que ainda exista amor. O amor não termina quando um casamento chega ao fim. Este é o “x” da questão. É preciso admitir apenas que os objetivos passaram a ser diferentes e que, por isso, os caminhos devem ser diferentes. Do contrário, vive-se escravo da necessidade de acertar trazido, contraditoriamente, pela liberdade.
Mas não é apenas com o fim de um relacionamento que se pode falar em liberdade. Há a liberdade, ou a necessidade dela, durante o tempo que se está junto. E não estou falando em sair sozinho ou mesmo com outras pessoas. Estou falando da necessidade de se ter espaço, de se poder respirar. Também é cultural a ideia de que se demonstra amor estando o tempo todo ao lado de quem se ama. Estar ao lado pode e deve ter outras conotações como companheirismo, cumplicidade e apoio. Amor também se demonstra respeitando o espaço de cada um. E não só o espaço, mas também e, principalmente o tempo. Cada pessoa tem seu tempo não apenas para os afazeres cotidianos, mas para entender, assimilar e estar só – e este é o seu tempo de contemplação. O que acontece é que acabamos nos acostumando com esse comportamento que nos obriga a estar presentes e aceitamos tais amarras imaginárias para não ferir ninguém e também, paradoxalmente, para demonstrar amor. Cria-se um circulo vicioso e, como todo vício, este também é escravizador.
É inevitável também que o conceito de liberdade me remeta aos casamentos. Viver com alguém que tem suas próprias decisões, que tem outros hábitos, outra forma de ver o mundo, de certa forma faz com que, logo num primeiro momento, ajustemos nossas lentes permitindo mais ou menos flexibilidade no modo de fazer e de ver as coisas. Mas não é isso que nos tira a liberdade; ao contrário, esse ajuste é necessário para nosso crescimento. O que nos impede de sermos livres é aquele fator cultural de que falei, que nos diz que assumir um compromisso é assumi-lo para sempre, porque o fundamental é acertar. Como se mudar de ideia, demonstrasse fraqueza ou volatilidade.
Assumir, socialmente, que um relacionamento chegou ao fim é admitir o próprio fracasso. É como se a escolha não tivesse sido bem sucedida, deixando-se de levar em conta todo o tempo bom que se passou junto. Dar certo, neste caso, não significa estar eternamente junto. Dar certo significa acabar quando chegou a hora, acabar com dignidade, mesmo que ainda exista amor. O amor não termina quando um casamento chega ao fim. Este é o “x” da questão. É preciso admitir apenas que os objetivos passaram a ser diferentes e que, por isso, os caminhos devem ser diferentes. Do contrário, vive-se escravo da necessidade de acertar trazido, contraditoriamente, pela liberdade.
Mas não é apenas com o fim de um relacionamento que se pode falar em liberdade. Há a liberdade, ou a necessidade dela, durante o tempo que se está junto. E não estou falando em sair sozinho ou mesmo com outras pessoas. Estou falando da necessidade de se ter espaço, de se poder respirar. Também é cultural a ideia de que se demonstra amor estando o tempo todo ao lado de quem se ama. Estar ao lado pode e deve ter outras conotações como companheirismo, cumplicidade e apoio. Amor também se demonstra respeitando o espaço de cada um. E não só o espaço, mas também e, principalmente o tempo. Cada pessoa tem seu tempo não apenas para os afazeres cotidianos, mas para entender, assimilar e estar só – e este é o seu tempo de contemplação. O que acontece é que acabamos nos acostumando com esse comportamento que nos obriga a estar presentes e aceitamos tais amarras imaginárias para não ferir ninguém e também, paradoxalmente, para demonstrar amor. Cria-se um circulo vicioso e, como todo vício, este também é escravizador.
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